quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Utilizando filmes na sala de aula.


Quando comecei a dar aula, imaginei maneiras diferentes de ministrar conhecimento aos alunos. Imediatamente pensei como utilizar duas das minhas paixões, o cinema e os quadrinhos, para ajudar os alunos a memorizar o conteúdo aprendido. Não consegui encontrar uma forma barata e eficaz de utilizar os quadrinhos. Já com o cinema, fui muito feliz, pois consegui achar filmes que pudessem transmitir com facilidade tudo aquilo que gostaria que os alunos aprendessem. Além disso, pude utilizar minha videoteca particular com uma utilidade muito maior do que emprestar aos amigos, não que isso seja uma perda de tempo.


Quando ministrei Administração do Tempo, tive em mente sempre, que deveria propor aos alunos, uma relexão sobre o que eles entendiam em relação ao tempo e sua utilização. O filme "O Clube do Imperador" além de permitir uma reflexão sobre o tempo, mostra a conturbada e gratificante relação entre alunos e professores. Após o filme, mantivemos um debate de quase uma hora sobre todos os aspectos do tempo, da ética e da vida, mostrados no filme. Pedi aos alunos que redigissem um texto dizendo o que esperavam da sua vida nos próximos 25 anos. Quando terminaram pedi que eles guardassem o texto e o lessem apenas daqui a 25 anos e comparassem quais eram suas expectativas e o que tinham realizado.


"The Emperor's Club" - 2002 - Direção: Michael Hoffman - Elenco principal: Kevin Kline, Emile Hirsh, Embeth Davidtz, Rob Morrow e Paul Dano.


Já para as aulas de Ponto-de-Venda e Merchandising, não consegui achar um filme que apresentasse todos os aspectos desenvolvidos durante as disciplinas, porém utilizei trechos de vários filmes, sempre colocando a cena em discussão para que os alunos pudessem abstrair, interpretar ou relacioná-la ao conteúdo da matéria:

Monty Python - Em Busca do Cálice Sagrado: utilizei a cena do recolhedor de mortos para discutir o senso de oportunidade e a ética profissional.




"Monty Python and the Holy Grail" - 1975 - Direção: Terry Gillian - Elenco Principal: Graham Chapman, John Cleese, Eric Idle, Terry Gillian, Terry Jones e Michael Palin.




Monty Python - O Sentido da Vida: a cena do transplante de orgãos vivos gera uma discussão sobre a ética profissional e a completa e correta divulgação de benefícios dos produtos e serviços oferecidos ao consumidor.


"The Meaning of Life" - 1983 - Direção: Terry Jones e Terry Gillian - Elenco Principal: Graham Chapman, John Cleese, Eric Idle, Terry Gillian, Terry Jones e Michael Palin.




Monty Python - A Vida de Brian: Brian fugindo dos romanos e tentando comprar uma barba postiça na barraca de um mercador pechinchador, serve de analogia ao vendedor que não consegue entender o que seu cliente realmente deseja.


"Life of Brian" - 1979 - Direção: Terry Jones - Elenco Principal: Graham Chapman, John Cleese, Eric Idle, Terry Gillian, Terry Jones e Michael Palin.






Náufrago: o começo do filme pode ser utilizado para discutir sobre a distribuição de produtos e sobre a prestação de serviços.



"Cast Away" - 2000 - Direção: Robert Zemeckis - Elenco principal: Tom Hanks e Helen Hunt.





O Fabuloso Destino de Amelie Poulain: na cena em que Amelie procura por informações junto ao dono da barraca de frutas, podemos discutir a relação entre patrão e empregado e como não se influenciar pelo estado de espírito do chefe.

"Le Fabuleux Destin d'Amelie Poulain" - 2001 - Jean-Pierre Jeunet - Elenco principal: Audrey Tautou, Mathieu Kassovitz, Rufus, Jamel Debbouze e Dominique Pinon.





Domésticas: neste filme pouco conhecido do diretor Fernando Meirelles, utilizei duas cenas, a primeira uma das domésticas do filme, vai procurar notícias da filha numa loja de produtos de umbanda, onde podemos analisar como atender bem o cliente, mesmo que ele não compre nada e na segunda, a desastrada Quitéria comete um equívoco no seu primeiro dia de trabalho, onde podemos discutir a questão da informação e de como utilizá-la para evitar problemas no trabalho.

Domésticas - 2001 - Direção: Fernando Meirelles e Nando Olival - Elenco principal: Cláudia Missura, Graziela Moretto, Lena Roque, Olivia Araújo, Renata Melo e Tiago Moraes.




Mocinho Encrenqueiro: Jerry Lewis é um espião atrapalhado da indústria cinematográfica e num determinado dia é convocada para substituir a atendente de uma loja de doces. Aqui, aprendemos tudo o que não devemos fazer no ponto-de-venda.


"The Errand Boy" - 1961 - Direção: Jerry Lewis - Elenco principal: Jerry Lewis, Bryan Donlevy e Kathleen Freeman.




Seabiscuit - Alma de Herói: nos primeiros minutos deste filme, temos ganchos para falar da linha de montagem, da localização e layout do ponto-de-venda, da escolha do produto/serviço certo e do senso de oportunidade.


Seabiscuit - 2003 - Direção: Gary Ross - Elenco principal: Jeff Bridges, Tobey Maguire, Chris Cooper e Elizabeth Banks.





Kill Bill - Vol I: quando "A Noiva" viaja para o Japão ela é atendida por um sushiman que não é bem o que parece. Nesta cena podemos discutir como evitar envolver o cliente nos problemas da empresa.


"Kill Bill: Vol 1" - 2003 - Direção: Quentin Tarantino - Elenco principal: Uma Thurman, Lucy Liu, Daryl Hannah, David Carradine, Michael Madsen e Sonny Chiba





Moulin Rouge - Amor em Vermelho: neste filme podemos utilizar a primeira visita ao Moulin Rouge até o momento no qual Satine termina seu show de forma dramática. Aqui a discussão gira em torno do layout do PDV, atmosfera de compra e busca por investimento para aprimorar o negócio.


"Moulin Rouge!" - 2001 - Direção: Baz Luhrmann - Elenco principal: Ewam McGregor, Nicole Kidman, John Leguizamo, Jim Broadbent e Richard Roxburgh.




Pulp Fiction - Tempo de Violência: a cena na qual Vincent Vega leva Mia Wallace para jantar no restaurante Jack Rabit Slim's, podemos levantar o debate em torno da tematização do PDV e da relação preço/valor.


"Pulp Fiction" - 1994 - Direção: Quentin Tarantino - Elenco principal: John Travolta, Samuel L. Jackson, Tim Roth, Amanda Plummer, Bruce Willis, Ving Rhames e Uma Thurman.




Trapaceiros: assaltantes trapalhões descobrem por acaso como ficar milionários. Aqui temos ganchos para falar de senso de oportunidade, sorte, franquia e profissionalização da administração.


"Small Time Crooks" - 2000 - Direção: Woody Allen - Elenco principal: Woody Allen, Tracey Ullman, Michael Rapaport, Tony Darrow, Jon Lovitz, Brian Markinson, Elaine May e Hugh Grant.




Chocolate: os primeiros quinze minutos deste filme são uma aula completa sobre como localizar e montar um PDV, distribuição eficiente e atmosfera de compra.



"Chocolat" - 2000 - Direção: Lasse Hallström - Elenco principal: Juliete Binoche, Alfred Molina, Carrie-Anne Moss, Judy Dench, Johnny Deep, Lena Olin e Victoire Thivisol.



Espero ter ajudado alguns educadores que por ventura passem por aqui e por favor, não ousem deixar de comentar, lembrando que é de graça.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Quem vigia os vigilantes?



O excelente site sobre entretenimento Omelete, liberou o trailer do filme Watchmen legendado e com uma pequena introdução do diretor Zack Snyder. Clique aqui para assistir.

Watchmen é uma das melhores HQ’s de todos os tempos e sem dúvida a melhor quando se trata de super-heróis. Desde o anúncio do filme, a comunidade nerd (se é que isso existe) aguardava ansiosamente por alguma novidade, apesar da divulgação de fotos que até aqui retratavam a HQ fielmente.

Mesmo tendo feito um trabalho soberbo em 300de Esparta, os fãs de HQ’s ficaram apreensivos com a escolha do estúdio pelo diretor Zack Snyder, por dois motivos, o primeiro pela grandiosidade da obra, que além da HQ em si, possui alguns elementos adicionais que fazem parte integral da história, como os Contos do Cargueiro Negro e os trechos do livro Sob o Capuz, entre outros, o segundo motivo tem relação com a obra do autor. Até hoje, nenhuma HQ de Alan Moore tinha sido retratada fielmente no cinema, a que chegou mais perto foi V de Vingança, mesmo assim as diferenças entre filme e HQ forma marcantes.

Outro detalhe é que esse projeto já passou pela mão de uma gama de diretores do mais alto calibre e que mesmo assim, não tinham conseguido convencer os executivos da Warner em tocar o projeto. Ponto positivo pra Snyder.

Além disso, o diretor só tem dois filmes no currículo, Madrugada dos Mortos e 300. Embora 300 de Esparta tenha seu roteiro baseado numa HQ, o trabalho é totalmente diferente, porque 300 tem uma história mais rápida e direta, tanto que o diretor teve que alongar o roteiro, porque senão teria um filme de 30 ou 40 minutos. Já no caso de Watchmen ele terá que cortar muito material, pois o roteiro da HQ é suficiente para produzir uma série televisava com 20 capítulos ou mais.

Os receios dos fãs quanto à capacidade do diretor, acabam após a divulgação deste trailer, porque ao que tudo indica seguirá o roteiro da HQ ao pé da letra. Todas as cenas marcantes estão lá, a morte do comediante, a transformação do Dr. John Osterman em Dr. Manhatan, a Guerra do Vietnã e outros detalhes que todo fã ao ver vai babar.

Se você não leu ainda a minissérie aproveite para emprestar de algum amigo nerd, ou ainda comprar a mais nova versão lançada pela Via Lettera, porque o filme só estreará em 6 de março de 2009. Garanto que você vai gostar, mesmo que nunca tenha lido uma história em quadrinhos na vida.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Ennio Morricone - The Good, the bad and the ugly (concert)

Trilha Sonora do filme O Bom, o mau e o feio.

O Bom, o Mau e o Feio.



Não, eu não estou falando de FHC, Collor e Lula, estou falando do terceiro e último filme da trilogia dos dólares do diretor italiano Sérgio Leone, também intitulado no Brasil como Três Homens em Conflito. Este filme foi o ápice do chamado Western Spaghetti, inventado pelo próprio Leone e registrado nos filmes Por uns Punhados de Dólares e Por uns Dólares a Mais. Também foi o início da carreira bem sucedida de Clint Eastwood, até então tinha feito filmes sem muita expressão e estrelado o seriado Rawhide, porém depois do seu papel nos filmes de Leone e de Dirty Harry, sua carreira se consolidou e ele mesmo contribuiu para tornar-se o grande astro que é atualmente.

Neste filme acompanhamos a história de Tuco Ramirez, o feio, Olhos de Anjo, o mau (grafado incorretamente na capa do DVD com “L” no final) e Blondie, o bom, interpretados respectivamente por Eli Wallach, Lee Van Cleef e Clint Eastwood. O feio e o bom, que de bom mesmo não tem quase nada, vivem de aplicar golpes nas cidades, até que se desentendem e passam o resto do filme querendo passar a perna um no outro. O mau está atrás de um homem que sabe o segredo de um tesouro enterrado.

O caminho destes três se cruza e todos saem atrás da verdade sobre o tesouro escondido, até que tudo se resolverá no duelo final. Apesar de ser filmado na Itália e a maioria dos atores serem italianos, excluindo os protagonistas, este filme tem todas as características de um bom western. Um vilão horripilante, exímios pistoleiros, ambiguidade de caráter e a busca por dinheiro roubado.

Outro detalhe importante é que a trama é desenvolvida durante a Guerra Civil Americana, também conhecida como Guerra da Secessão, que durou de 1861 a 1865
e que dividiu os Estados Unidos em duas facções, uma ao norte liderada pelo General Grant e outra ao sul liderada pelo General Lee, que apoiava o presidente Lincoln, um antiescravagista execrado pelos estados do sul, partidários da continuidade da escravidão. 620.000 americanos morreram nesta guerra.

Os três protagonistas são totalmente apartidários, tomando partido apenas quando lhes convêm, durante todo o filme. Em uma das partes, o personagem de Clint Eastwood observa uma batalha entre confederados e federados, comentando da seguinte forma: “Nunca vi um desperdício de vidas deste jeito.”

O caráter dos personagens é outro fator importante da trama. O feio é totalmente imoral, mas tem um lado engraçado e bonachão, até por isso torcemos para que ele se dê bem no final. O mau, esse sim é terrível e encarna o estereótipo dos vilões de bang bang. O bom, na verdade não é tão bom assim, ele segue um código de honra próprio e aplica a justiça de acordo com o que acredita. Mais uma representação para o id, o ego e o superego.

A trilha sonora de Ennio Morricone é, como sempre, maravilhosa e o tema principal você já deve ter ouvido pelo menos uma vez na vida.

O filme tem o ritmo lento das produções de Leone, mas também tem a assinatura da trama intrincada com reviravoltas e situações de humor sutil e negro. O western tem muito a ver com a nossa sociedade atual, que possui uma violência desenfreada, um hedonismo latente, corrupção e uma busca por riqueza sem limites. O tempo passa e as coisas continuam as mesmas.

terça-feira, 17 de junho de 2008

A dieta do palhaço brasileiro




Nunca fui muito fã de documentários, isso não quer dizer que nunca os tenha assistido, pelo contrário, alguns são melhores que muitos blockbuster’s que vemos por aí. Um exemplo é o filme “Super Size Me” de 2004, que aqui no Brasil saiu com o subtítulo “A Dieta do Palhaço”. O cineasta Morgan Spurlock propôs um desafio, comer trinta dias seguidos somente no McDonald’s, três refeições diárias, inclusive café da manhã, e verificar o que acontece com a sua saúde. Paralelamente ele traça um perfil da obesidade nos EUA, considerada uma epidemia no país do fast food. Com muita ironia e sarcasmo, Spurlock quase morre tentando provar sua tese, a qual todo mundo já conhece, os fast foods são responsáveis pela obesidade de muitos dos cidadãos norte-americanos.

Muitos criticaram a opção de Spurlock pelo tema que a maioria da população conhece, porém diferente dos documentaristas polêmicos, estilo Michael Moore, ele sente na carne o sofrimento que este tipo de alimentação pode causar.

Assistindo ao CQC – Custe o que Custar desta semana (não deixe de entrar em http://www.cqcnocongresso.com.br/), vi um Super Size Me ao contrário. O apresentador Rafinha Bastos tentou viver um mês com o que é comumente chamado de cesta básica, ou seja, a quantidade de alimento que um salário mínimo consegue comprar para sustento de uma família inteira.

Enquanto o documentarista americano, engordou, teve taxas de colesterol elevadas, problemas no fígado, coração e rins, o nosso bravo brasileiro, perdeu 8 quilos, teve insônia, dores de cabeça e quase desmaiou várias vezes.

Os dois sofreram na pele o que todos sabem de cor, comer um mês no McDonald’s e viver com o que um salário mínimo pode comprar não faz bem para a saúde. A diferença é que no primeiro caso, a pessoa tem a opção de comer menos e no segundo a pessoa muitas vezes não tem a opção de comer mais.

Pelo menos passar privações pode gerar algumas conseqüências desagradáveis, mas comer demais comidas que não são saudáveis pode matar mais rápido. O ideal seria a distribuição equilibrada de toda essa alimentação para todos os habitantes do mundo. O que vemos é muita gente com muitas opções no hemisfério norte, enquanto que no sul, famílias morrem de fome e crianças crescem subnutridas, comprometendo seu futuro e o do seu país. Por isso projetos como o Renda Mínima e o Bolsa Família, que conciliam alimentação e educação são muito importantes. É uma pena que nem os beneficiados e nem os benfeitores estão preparados para usufruir dos resultados, vide a quantidade de escândalos que sempre rondam a distribuição destes recursos.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Larry Flint e a liberdade de expressão

Larry Flint é um cara polêmico. Por um lado, ele trabalha na indústria da pornografia, que por mais profissional que seja, tem um lado muito negativo da exploração sexual feminina, sem contar outras ramificações muito mais agravantes. Por outro lado, ele é um dos maiores defensores da liberdade de expressão que os EUA já tiveram.

Quem quiser conhecer melhor a história deste grande maluco, pode conferir no excelente filme “O Povo Contra Larry Flint” do diretor tcheco Milos Forman, que dirigiu também Um Estranho no Ninho e Amadeus, só para citar os mais famosos.

O Filme é tanto sobre a carreira polêmica deste milionário editor de pornografia, quanto do seu amor peculiar por sua mulher Althea Flint. Larry era sócio de seu irmão Jimmy num clube de streap-tease a beira da falência. Pensando em divulgar suas dançarinas, criou uma revista com fotos delas nuas e como o impressor o aconselhou, colocou textos para compor a publicação. Seus primeiros números, não foram tão eficientes, mas ele conseguiu fotos exclusivas de Jaqueline Onassis Kennedy nua e a trajetória milionária da revista Hustler começou. Obviamente as ligas da honra, começaram uma cruzada contra a revista de Larry.

Ele então conheceu aquele que foi o grande responsável pela sua maior vitória nos anos vindouros na suprema corte dos EUA, o advogado Alan Issacman. Alan não só apoiou Larry Flint como suportou toda a loucura do seu cliente, que não se curvava a nenhuma convenção social, inclusive as dos tribunais. Ele chegou ao ponto de ser amordaçado num tribunal porque não respeitava o Juiz. Essa ousadia toda teve um preço, Larry e Alan foram baleados quando saíam de uma das inúmeras audiências das quais participaram. Alan ficou ferido, mas sobreviveu sem seqüelas, já Larry Flint ficou paralisado da cintura para baixo pro resto da vida.



O elenco está impecável. Woody Harrelson faz um Larry Flint apaixonante, talvez no melhor papel de toda a sua carreira, Courtney Love – sim, ela mesma, a viúva de Curt Cobain e vocalista do Hole – interpreta de forma surpreendente a mulher de Flint e o sempre correto Edward Norton, fazendo aquilo que nasceu pra fazer, atuar de forma perfeita. Duas curiosidades no elenco são, a presença do verdadeiro Larry Flint como um juiz reacionário da Geórgia e de Brent Harrelson como Jimmy Flint, irmão na realidade e na ficção.

Polêmico, empreendedor, maluco, apaixonado, corajoso, nojento. Todos esses adjetivos cabem a Larry Flint, que muito provavelmente terá um legado mais negativo do que positivo, porém temos que lembrar que a luta pela liberdade de expressão empreendida por ele, não cabendo a nós julgar o motivo, deve sempre ser lembrada como um ato de coragem contra a hipocrisia generalizada da sociedade.

Recomendo este filme a todos os congressistas que pensam em barrar a entrada do CQC no Congresso e a todos aqueles que querem tirar programas do ar e cabcelar publicações, deixem o público decidir.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Era uma vez um filme eterno.

Existem muitos tipos de filmes. Aqueles que você assiste e odeia, aqueles que você assiste, se diverte e esquece em cinco minutos, aqueles emocionantes e aqueles que você deveria assistir ao menos uma vez por ano. O Poderoso Chefão I e II, Chinatown, 2001 – Uma Odisséia no Espaço, Lawrence da Arábia e alguns outros estão inseridos na última categoria.

Uma dessas obras-primas do cinema pertence ao gênero western, foi dirigida por um italiano, com uma atriz italiana, com dois astros americanos e foi filmado na Itália, Espanha e EUA. “Era Uma Vez no Oeste”, foi realizado por Sérgio Leone (1929-1989) que era um apaixonado pelo gênero e ficou famoso por criar um sub-gênero chamado western-spaghetti, porque os filmes eram produzidos na Itália. Seus filmes mais famosos ficaram conhecidos como a trilogia dos dólares, “Por um Punhado de Dólares”, “Por uns Dólares a Mais” e “Três Homens em Conflito”. Além de lançarem um gênero, estes filmes revelaram o talento de um famoso ator e diretor de Hollywood, premiado com vários Oscar’s, Clint Eastwood.

Porém, sua obra-prima para o gênero, só seria feita em 1968, dois anos após o término da trilogia dos dólares. Na verdade o grande projeto de Sérgio Leone e também seu canto do cisne seria “Era Uma Vez na América”, mas o estúdio que financiaria seu grande filme exigiu que ele fizesse um western antes. Eles só não sabiam duas coisas, a primeira é que o filme não foi um sucesso imediato, nem de crítica, nem de público e segundo que anos depois ele seria reverenciado por grandes nomes do cinema, como o próprio Clint Eastwood, John Carpenter e outros.

Outro fator importante do filme foi o elenco. Quatro personagens principais, Jill McBain, Harmônica, Frank e Cheyenne, foram interpretados por Cláudia Cardinale, Charles Bronson, Henry Fonda e Jason Robards, respectivamente. Henry Fonda fez neste filme o único papel de vilão de toda a sua carreira. E que vilão. Você fica com medo, toda vez que ele aparece. Cláudia Cardinale está belíssima, Charles Bronson está perfeito como o assassino da Harmônica e Jason Robards faz um papel dúbio, quase um anti-herói. A trilha sonora é inesquecível e possui quatro temas principais, um para cada personagem. As locações, principalmente as de Monument Valley no Arizona, estão impecáveis.

Apesar de suas três horas de duração, vale muito a pena assistir esse clássico do western, um gênero que cedo ou tarde acaba reaparecendo com clássicos como Os Imperdoáveis e mais recentemente com o remake de Galante e Sanguinário, rebatizado de Os Indomáveis, com os astros Russell Crowe e Christian Bale.