quinta-feira, 12 de junho de 2008

Larry Flint e a liberdade de expressão

Larry Flint é um cara polêmico. Por um lado, ele trabalha na indústria da pornografia, que por mais profissional que seja, tem um lado muito negativo da exploração sexual feminina, sem contar outras ramificações muito mais agravantes. Por outro lado, ele é um dos maiores defensores da liberdade de expressão que os EUA já tiveram.

Quem quiser conhecer melhor a história deste grande maluco, pode conferir no excelente filme “O Povo Contra Larry Flint” do diretor tcheco Milos Forman, que dirigiu também Um Estranho no Ninho e Amadeus, só para citar os mais famosos.

O Filme é tanto sobre a carreira polêmica deste milionário editor de pornografia, quanto do seu amor peculiar por sua mulher Althea Flint. Larry era sócio de seu irmão Jimmy num clube de streap-tease a beira da falência. Pensando em divulgar suas dançarinas, criou uma revista com fotos delas nuas e como o impressor o aconselhou, colocou textos para compor a publicação. Seus primeiros números, não foram tão eficientes, mas ele conseguiu fotos exclusivas de Jaqueline Onassis Kennedy nua e a trajetória milionária da revista Hustler começou. Obviamente as ligas da honra, começaram uma cruzada contra a revista de Larry.

Ele então conheceu aquele que foi o grande responsável pela sua maior vitória nos anos vindouros na suprema corte dos EUA, o advogado Alan Issacman. Alan não só apoiou Larry Flint como suportou toda a loucura do seu cliente, que não se curvava a nenhuma convenção social, inclusive as dos tribunais. Ele chegou ao ponto de ser amordaçado num tribunal porque não respeitava o Juiz. Essa ousadia toda teve um preço, Larry e Alan foram baleados quando saíam de uma das inúmeras audiências das quais participaram. Alan ficou ferido, mas sobreviveu sem seqüelas, já Larry Flint ficou paralisado da cintura para baixo pro resto da vida.



O elenco está impecável. Woody Harrelson faz um Larry Flint apaixonante, talvez no melhor papel de toda a sua carreira, Courtney Love – sim, ela mesma, a viúva de Curt Cobain e vocalista do Hole – interpreta de forma surpreendente a mulher de Flint e o sempre correto Edward Norton, fazendo aquilo que nasceu pra fazer, atuar de forma perfeita. Duas curiosidades no elenco são, a presença do verdadeiro Larry Flint como um juiz reacionário da Geórgia e de Brent Harrelson como Jimmy Flint, irmão na realidade e na ficção.

Polêmico, empreendedor, maluco, apaixonado, corajoso, nojento. Todos esses adjetivos cabem a Larry Flint, que muito provavelmente terá um legado mais negativo do que positivo, porém temos que lembrar que a luta pela liberdade de expressão empreendida por ele, não cabendo a nós julgar o motivo, deve sempre ser lembrada como um ato de coragem contra a hipocrisia generalizada da sociedade.

Recomendo este filme a todos os congressistas que pensam em barrar a entrada do CQC no Congresso e a todos aqueles que querem tirar programas do ar e cabcelar publicações, deixem o público decidir.

4 comentários:

Divã do Masini disse...

Texto irretocável, Amalio!

Claro, deu vontade de assistir o filme. Você já pensou em ser crítico de filmes e literaturas? Certamente seu nome apareceria na ultima capa de muitos livros e nas chamadas de DVD´s.

Já pensou:

"Um elenco impecável. Um ato de coragem contra a hipocrisia generalizada da sociedade", por Amalio Damas, O cara da loja de quadrinhos.

abraços

Amalio Damas disse...

Então ta combinado! Assim que você lançar o seu livro, pode me convidar, hehehe!! Obrigado pelas palavras. Um grande abraço!

Maria Angélica disse...

Eu vi esse filme , ms jurava que a revita era a Penthouse. Será que estou mistutando as coisas ?

Amalio Damas disse...

Maria Angélica, a revista é a Hustler mesmo. A Penthouse tem um estilo mais parecido com a Playboy. A Hustler é MUUUUUUUUITO diferente.