terça-feira, 17 de junho de 2008

A dieta do palhaço brasileiro




Nunca fui muito fã de documentários, isso não quer dizer que nunca os tenha assistido, pelo contrário, alguns são melhores que muitos blockbuster’s que vemos por aí. Um exemplo é o filme “Super Size Me” de 2004, que aqui no Brasil saiu com o subtítulo “A Dieta do Palhaço”. O cineasta Morgan Spurlock propôs um desafio, comer trinta dias seguidos somente no McDonald’s, três refeições diárias, inclusive café da manhã, e verificar o que acontece com a sua saúde. Paralelamente ele traça um perfil da obesidade nos EUA, considerada uma epidemia no país do fast food. Com muita ironia e sarcasmo, Spurlock quase morre tentando provar sua tese, a qual todo mundo já conhece, os fast foods são responsáveis pela obesidade de muitos dos cidadãos norte-americanos.

Muitos criticaram a opção de Spurlock pelo tema que a maioria da população conhece, porém diferente dos documentaristas polêmicos, estilo Michael Moore, ele sente na carne o sofrimento que este tipo de alimentação pode causar.

Assistindo ao CQC – Custe o que Custar desta semana (não deixe de entrar em http://www.cqcnocongresso.com.br/), vi um Super Size Me ao contrário. O apresentador Rafinha Bastos tentou viver um mês com o que é comumente chamado de cesta básica, ou seja, a quantidade de alimento que um salário mínimo consegue comprar para sustento de uma família inteira.

Enquanto o documentarista americano, engordou, teve taxas de colesterol elevadas, problemas no fígado, coração e rins, o nosso bravo brasileiro, perdeu 8 quilos, teve insônia, dores de cabeça e quase desmaiou várias vezes.

Os dois sofreram na pele o que todos sabem de cor, comer um mês no McDonald’s e viver com o que um salário mínimo pode comprar não faz bem para a saúde. A diferença é que no primeiro caso, a pessoa tem a opção de comer menos e no segundo a pessoa muitas vezes não tem a opção de comer mais.

Pelo menos passar privações pode gerar algumas conseqüências desagradáveis, mas comer demais comidas que não são saudáveis pode matar mais rápido. O ideal seria a distribuição equilibrada de toda essa alimentação para todos os habitantes do mundo. O que vemos é muita gente com muitas opções no hemisfério norte, enquanto que no sul, famílias morrem de fome e crianças crescem subnutridas, comprometendo seu futuro e o do seu país. Por isso projetos como o Renda Mínima e o Bolsa Família, que conciliam alimentação e educação são muito importantes. É uma pena que nem os beneficiados e nem os benfeitores estão preparados para usufruir dos resultados, vide a quantidade de escândalos que sempre rondam a distribuição destes recursos.

2 comentários:

Divã do Masini disse...

Cacilids... ainda não assisti a esse filme e ainda perdi o CQC com o Rafinha... eita...

O texto de hoje está com paralelos bem casados.

PS. Rafinha será transformado em herói nacional. E alguma universidade lancará o regime da Cesta Básica.

abraços

Zé Oliboni disse...

Amálio, vale lembrar que tem mais os dois tem mais em comum ainda. Depois do Super Size Me, Morgan Spurlock teve uma série para TV, exibinda no Brasil pelo FX, chamda 30 Days. Nela ele fazia uma experiência por 30 dias e, no primeiro episódio, ele tentou viver 30 dias com o salário mínimo americano.

Tudo bem que o salário mínimo deles é bem maior que o nosso, mas o custo de vida lá também é elevado, então foi um páreo duro.

O interessante é que no caso do Spurlock a mulher dele entrou na parada com ele e viveu com ele esse mês só na base do salário mínimo. Já a mulher do Rafinha ficou reclamando do quando o cara passou a peidar por comer cesta básica.

De qualquer forma a matéria do CQC foi muito boa. O programa se revela uma boa surpresa nacional!