quarta-feira, 2 de julho de 2008

O Bom, o Mau e o Feio.



Não, eu não estou falando de FHC, Collor e Lula, estou falando do terceiro e último filme da trilogia dos dólares do diretor italiano Sérgio Leone, também intitulado no Brasil como Três Homens em Conflito. Este filme foi o ápice do chamado Western Spaghetti, inventado pelo próprio Leone e registrado nos filmes Por uns Punhados de Dólares e Por uns Dólares a Mais. Também foi o início da carreira bem sucedida de Clint Eastwood, até então tinha feito filmes sem muita expressão e estrelado o seriado Rawhide, porém depois do seu papel nos filmes de Leone e de Dirty Harry, sua carreira se consolidou e ele mesmo contribuiu para tornar-se o grande astro que é atualmente.

Neste filme acompanhamos a história de Tuco Ramirez, o feio, Olhos de Anjo, o mau (grafado incorretamente na capa do DVD com “L” no final) e Blondie, o bom, interpretados respectivamente por Eli Wallach, Lee Van Cleef e Clint Eastwood. O feio e o bom, que de bom mesmo não tem quase nada, vivem de aplicar golpes nas cidades, até que se desentendem e passam o resto do filme querendo passar a perna um no outro. O mau está atrás de um homem que sabe o segredo de um tesouro enterrado.

O caminho destes três se cruza e todos saem atrás da verdade sobre o tesouro escondido, até que tudo se resolverá no duelo final. Apesar de ser filmado na Itália e a maioria dos atores serem italianos, excluindo os protagonistas, este filme tem todas as características de um bom western. Um vilão horripilante, exímios pistoleiros, ambiguidade de caráter e a busca por dinheiro roubado.

Outro detalhe importante é que a trama é desenvolvida durante a Guerra Civil Americana, também conhecida como Guerra da Secessão, que durou de 1861 a 1865
e que dividiu os Estados Unidos em duas facções, uma ao norte liderada pelo General Grant e outra ao sul liderada pelo General Lee, que apoiava o presidente Lincoln, um antiescravagista execrado pelos estados do sul, partidários da continuidade da escravidão. 620.000 americanos morreram nesta guerra.

Os três protagonistas são totalmente apartidários, tomando partido apenas quando lhes convêm, durante todo o filme. Em uma das partes, o personagem de Clint Eastwood observa uma batalha entre confederados e federados, comentando da seguinte forma: “Nunca vi um desperdício de vidas deste jeito.”

O caráter dos personagens é outro fator importante da trama. O feio é totalmente imoral, mas tem um lado engraçado e bonachão, até por isso torcemos para que ele se dê bem no final. O mau, esse sim é terrível e encarna o estereótipo dos vilões de bang bang. O bom, na verdade não é tão bom assim, ele segue um código de honra próprio e aplica a justiça de acordo com o que acredita. Mais uma representação para o id, o ego e o superego.

A trilha sonora de Ennio Morricone é, como sempre, maravilhosa e o tema principal você já deve ter ouvido pelo menos uma vez na vida.

O filme tem o ritmo lento das produções de Leone, mas também tem a assinatura da trama intrincada com reviravoltas e situações de humor sutil e negro. O western tem muito a ver com a nossa sociedade atual, que possui uma violência desenfreada, um hedonismo latente, corrupção e uma busca por riqueza sem limites. O tempo passa e as coisas continuam as mesmas.

4 comentários:

Divã do Masini disse...

Meu pai e meu primo iam adorar esse texto. Eles tem todos esses filmes.

abraçossss

Maria Angélica disse...

Putz, vc escreve bem pra caramba, Amálio. Pensei que apenas *entendesse como ninguém* dos assuntos e tivesse *um ótimo gosto* . Meus parabéns.
Ah, meu marido é louco com o faroeste macarrônico e tem inúmeros temas musicais deles . Já eu, não gosto.

Amalio Damas disse...

Obrigado pelos elogios Maria Angélica. Se ainda não assistiu, assista Era Uma Vez no Oeste e Os Imperdoáveis, tenho certeza que você vai gostar.

Caroline disse...

hahahahaha...muito bom...FHC Collor e Lula...haahahahhahah